domingo, 9 de setembro de 2012

Arnaldo ou amado?


A fila dava voltas no muro do Teatro Santa Isabel. O público, de quase 200 pessoas, estava visivelmente ansioso para se espremer entre as poltronas e os pequenos camarotes do teatro. Misturado com a beleza da Rua do Sol e do rio Capibaribe, esse era o cenário da tarde da sexta-feira no bairro do Recife. Todas as pessoas que estavam ali tinham o mesmo objetivo: (isso soa engraçado, né?) assistir ao show de Arnaldo Baptista. “Sarau o Benedito?” foi encenado apenas pelo músico e por um piano de cauda. Além dos seus desenhos, que foram projetados nos fundos do palco.
Irônico e inteligente, o concerto de um dos mais influentes músicos brasileiros foi marcado por palmas. Vestido com uma camisa de lantejoulas douradas, ele entrou no palco no estilo abbey road dos Beatles e levantou o público para o aplaudir de pé. A clássica “Será que eu sou loki”, abriu o show e animou todo mundo. A música “Será que eu vou virar bolor?” levou a plateia a formar um coral, que quase conseguiu cantar mais alto que a voz do Arnaldo. Com 64 anos de dedicação a arte, atendendo a um pedido desesperado de alguém que ninguém conseguia ver o rosto, ele cantou com todo bom humor, que “cortar jaca nessa idade não é mole, não”.
Fazendo valer seu título de uma das personalidades mais marcantes do Tropicalismo, Arnaldo deixou o palco com toda liberdade e irreverência, deixando o público (já saudoso) com a frase: “Puxa pessoal, adorei estar aqui com vocês”. E mais uma vez, seus fãs recifenses o aplaudiram em pé.
Arnaldo Baptista ficou famoso depois de participar do grupo Os Mutantes, junto com a ex-esposa Rita Lee e o irmão, Sérgio Baptista. Antes de começar a entrevista, a assessoria de imprensa do músico alertou que ele não falaria sobre o passado, apenas sobre o presente e futuro.






Famosos nomes da música como Gilberto Gil e Lobão, acreditam que Arnaldo Baptista é o pai do rock brasileiro. O que eu também acredito, mesmo não sendo uma personalidade musical. Na metade do século passado, quando os cantores da MPB faziam campanhas contra a guitarra elétrica, Arnaldo, com apenas 17 anos, já as usava muito bem. Os Mutantes foram o principal nome do Tropicalismo e Arnaldo Baptista, o maior nome dentro da banda.