quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Um poema para as palavras


O que são as palavras?
Ditas, sofridas, caídas, sussurradas, suspiradas
Amadas, amantes, transbordam em meio ao suor da cabeça de quem diz
Escritas, sentidas, acorrentadas, libertas, soltas, presas, coloridas

Quais são as palavras?
De amor, de calor, de dentro, de partida
A saudade esquenta, ilumina, afugenta as palavras ditas
E as não ditas?
Perdidas, roubadas, abandonadas em meio a uma esquina, uma encruzilhada molhada pelo sangue da magia

Letras, craseadas, junções, códigos, signos, acentos agudos
Jogados, deixados, ao sol, ao céu
Pegadas, restituídas, repensadas, ressentidas, amargadas
Soltas, libertas, pelo mundo, pelo coração, pela boca, pelo lápis, no papel

Serão ditas para quem quiser
Mas e as não ditas?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Uma crônica e um desenho

Era uma sexta-feira. Ela ainda estava deitada na cama quando recebeu a ligação. “Ao invés de ir para o Seminário de Olinda, tu vai pro Teatro de Santa Isabel. Pode ser?”, indagava uma voz feminina do outro lado da linha. “OK”, ela respondeu. Já passavam das 15h quando ela recebeu essa chamada. O show começava às 19h. Tenho pouco tempo para pesquisar sobre a vida do meu entrevistado. Pensou.
Ela conseguiu recolher todas as informações necessárias para fazer uma entrevista decente, depois, ligou pruma amiga para convida-la pro show. Foram juntas, aliás, se encontraram lá. O espetáculo foi lindo, digno de todas as palmas que recebeu. A entrevista foi ótima. Rolou até foto com o artista.
Como estavam no centro do Recife, decidiram ir pra o Bar Central. Foi a primeira vez que ela foi lá. Achou o lugar bonito, com pessoas que pareciam interessantes e o rádio só cantarolava boas músicas. Logo quando chegaram não tinha nenhuma mesa vazia. Subiram e desceram as escadas até acharem uma mesa espremida na entrada do bar. Sentaram, pediram uma cerveja. Só tinha Heineken (para de desagrado dela, que acha essa cerveja muito salgada. Mas só tinha ela. Fazer o que?)
Logo atrás da mesa delas, estava sentado um rapaz acompanhado apenas de um pedaço surrado de papel e uma caneta ou lápis, ela não conseguiu identificar. Ele parecia ser alto, gordinho e tinha cabelo e barba preta. Comum.
Enquanto elas conversavam um pouco sobre tudo, ela percebia um movimento estranho do rapaz. Ele ia de um lado para o outro da cadeira, espichando o pescoço para burlar a cabeça da amiga e conseguir olhar para a mesa delas. Que pessoa estranha, pensou. A noite foi passando e o rapaz continuava fazendo os mesmos movimentos. Aquilo já estava incomodando. “Esse menino tá olhando muito pra gente. Já tô agoniada”, disse. “Será que ele tá desenhando a gente?”, falou a amiga em um tom de resposta. Juntas, tomaram uma decisão: olhar para trás para ver se ele se intimidava e parava com a chatice. Não adiantou. Ele continuou.
“Será que ele vai mostrar a gente o desenho? Fiquei curiosa agora”, sorriu a amiga. Mas será que ele está mesmo desenhando a gente? A gente não tem nada de incomum, somos normais. Não tem nada digno de ser desenhado aqui, ela pensou.
O rapaz levantou-se e foi embora. Elas nunca viram o desenho.

sábado, 27 de outubro de 2012

E quantas pessoas foram mortas pela polícia?

Desde o começo deste ano até a última quinta-feira, 85 policiais foram mortos em todo o Estado de São Paulo. O dado oficial, confirmado pela Polícia Militar, ainda não contabiliza a morte de um policial em folga, ocorrida na noite da última quinta-feira na capital paulista. Segundo a Polícia Militar, 67 destes policiais mortos eram da ativa e 18 aposentados. O número já é bem superior ao que foi registrado em todo o ano passado. Em 2011, de acordo com a PM, 56 policiais foram assassinados, tanto da ativa quanto os aposentados. Em 2010 foram 71 policiais militares, informou o órgão, que não comenta o balanço.

Também entre janeiro e setembro deste ano, 28 pessoas morreram em confrontos com policiais civis e 369 por policiais militares, totalizando 397 pessoas mortas em confrontos com policiais no período. Isso significou aumento de 8,5% em comparação ao ano passado. Nos mesmo período de 2011, 30 pessoas morreram em confronto com policiais civis e 333 por policiais militares, totalizando 363 pessoas mortas em confrontos.

Fonte: Agência Brasil



Eu me pergunto: PORQUE o lead está na morte dos policiais se o número de civis mortos porque aqueles que supostamente deveriam nos proteger é BEM MAIOR?

Há 13 anos, o repórter da Folha de S. Paulo, André Caramante é setorista de Segurança Pública (mais conhecido como repórter policial). Ele está exilado com toda sua família, depois de ser ameaçado de morte – supostamente por um policial militar. (Isso aqui é exclusivamente a minha interpretação.) Agora vou me explicar: no dia 17 de julho, ele publicou uma pequena matéria, "Ex chefe da Rota vira político e prega violência no Facebook", que falava sobre o tucano eleito vereador Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada (PSDB). As ameaças foram ficando sérias e ele teve que se esconder para não morrer. Hoje, escreve matérias online porque não pode aparecer na redação.
Em entrevista dada a coluna de Eliane Brum, na Revista Época, o repórter revela dados alarmantes. Ele faz tipo um “PEBodyCount”, sendo que a contagem é de PESSOAS mortas por PMS.

Eliane Brum - Você monitora o número de pessoas mortas pela polícia. Quantos foram mortos até hoje no estado de São Paulo?
Caramante – Sim, monitoro porque o jornal para o qual trabalho dá atenção especial para a questão da letalidade policial. Tenho meu próprio sistema de dados, no qual registro todas as mortes cometidas por policiais militares. Estes números não batem com os oficiais. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo divulga em sua página na internet apenas as chamadas "resistências seguidas de morte", mas há outros casos que entram na vala comum dos homicídios dolosos cometidos por qualquer cidadão. Minha contabilidade mostra que, entre 2005 e agosto deste ano, policiais militares mataram 4.358 pessoas no estado. Destas, 3.401 foram em “resistência(à prisão) seguida de morte” – figura jurídica inexistente, repito – e 957 em homicídios dolosos, que vão desde brigas em bar, no trânsito, casos conjugais, até mortes como a do empresário Ricardo de Aquino. São 47,3 mortos por PMs a cada mês. Ou seja: 1,5 a cada dia. Este é o retrato de uma Polícia Militar extremamente letal e que precisa passar por reformas o quanto antes. 



É, caros amigos, está na hora da gente mudar os nosso leads. Parar de ficar do lado dos mais fortes. Vamos ficar do lado da sociedade!
Eles querem enfiar na nossa cabeça que é normal as condições que existem hoje nas cadeias. Eles querem que a gente não acredite nos direitos humanos e de reabilitação de alguém que comete um crime. Se você perguntar a qualquer pessoa que tenha apenas a TV como fonte de comunicação, ou como principal fonte, ela vai dizer que presos tem que sofrer mesmo e nunca mais voltar à sociedade, quiçá, vai defender a pena de morte! (Esse é meu ponto de vista. Respeito completamente quem pensa dessa forma, que fique bem claro.)

Na semana passada um jovem foi morto dentro do Aníbal Bruno. Ivanilson Timóteo da Silva, de 20 anos, passou um ano preso por furto.

O que deveria ser um momento alegre e de alívio, transformou-se em dor e decepção para Ivanildo da Silva, pai de um reeducando do Presídio Juiz Antônio Lins de Barros, que pertence ao Complexo Prisional Professor Aníbal Bruno. Na última segunda-feira (15), ele foi buscar o filho, Ivanilson Timóteo da Silva, de 20 anos, que acabara de ganhar a liberdade. Mas, ao chegar ao local, foi informado de que o rapaz estava morto desde o último sábado (13). Ivanilson ficou preso por cerca de um ano por causa de furto.
Antes de saber o destino do filho, Ivanildo começou a semana com uma ligação do Fórum do Recife, informando que a juíza responsável pelo caso de Ivanilson queria vê-lo. No local, ele conversou com a magistrada, que concedeu o benefício para que o preso cumprisse a pena em liberdade. "Ela disse que eu podia pegar ele no presídio", contou. Quando o pai chegou ao Anibal Bruno, um homem pediu para que ele entrasse e esperasse. Minutos depois, o funcionário voltou com um papel na mão dizendo que tinha uma má notícia para dar. "Ele me disse que o meu filho estava morto. Eu lembro que eu olhei para ele e disse que não queria o papel, queria apenas o corpo do meu filho", disse. O homem que comunicou a morte de Ivanilson ao pai, mandou que ele procurasse o corpo do rapaz no Hospital Otávio de Freitas, no Sancho.

"Eu fui até o Otávio de Freitas, mas eles disseram que o meu menino estava no Instituto de Medicina Legal (IML)", contou. Naquele momento, Ivanilson ainda não havia sido informado sobre o motivo da morte do filho. "O que eu sei é que ele morreu no sábado dentro do presídio", afirmou.


Fonte: Aqui PE

É até engraçado de ler, mas olha a definição de polícia no Dicionário Michaellis (e depois pense se você algum dia já se sentiu protegido por ela).

polícia
po.lí.cia

sf (gr politeía) 1 Conjunto de leis e disposições que servem de garantia à segurança da coletividade. 2 Órgão auxiliar da justiça cuja atividade consiste em prevenir, assegurar, manter ou restaurar a ordem, a tranqüilidade, a segurança e a liberdade pública e individual; proteger a propriedade e zelar pela moralidade dos costumes averiguando, reprimindo ou apontando as causas que perturbem a sinergia social.







quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Humano demasiado humano

Podem chingar (ou xingar?) mas eu adoro Nietzsche. Inclusive, comprei esse livro há pouco mais de dois anos e ainda não o li.


Há pouco tempo coloquei um aplicativo no meu desktop que aparece as principais notícias do mundo (ou pelo menos as que são ditas como principais) na tela inicial do meu computador. Quando cheguei em casa hoje, liguei calmamente meu pc para ler as notícias - como costumo fazer todas as noites. As primeiras manchetes eram “Sell fecha oleoduto na Espanha” e “Homem ligado a filme anti-islã é preso”. Nenhuma dessas recebeu um pingo da minha atenção quando eu vi a terceira chamada: “Vaca transgênica produz leite anti-alérgico”.
Raiva. Foi o primeiro sentimento. Quando eu li a matéria (quem quiser ler também: http://noticias.br.msn.com/vaca-transg%C3%AAnica-produz-leite-antial%C3%A9rgico-1) eu senti emoções piores, que afloram em mim quando eu vejo esse tipo de coisa, e me fazem tremer e ficar vermelha. Como o ser humano pode ser tão prepotente? Criar um animal, modificar seus genes em laboratório – sabe-se lá o que isso vai provocar nela – só para fazer um leite com gosto menos amargo!!!  Alergia a proteína do leite causa problemas em crianças pequenas sim, isso nós sabemos, mas além de existirem meios de nutrir essa criança sem o leite da vaca (solução simples: amamentar), depois que elas crescem e podem comer outros alimentos, o leite não faz tanta falta assim. Existem inúmeros outros alimentos ricos em cálcio que podem substituir o líquido branco arrancado do peito das vacas. Inclusive o leite da soja, QUE É AMARGO.
É o fim do respeito entre homem e natureza? É o fim da relação entre o sujeito e o ente? Mas nós SOMOS a natureza. Como pode a raça humana se achar tão superior aos animais a ponto de extermina-los e controlar a forma que eles produzem seus alimentos? Ou alguém perguntou pros bezerros se eles precisam de leite com menos proteína? Afinal as vacas dão leite para amamentar suas crias. NÓS somos os intrometidos. NÓS somos os únicos animais que continuamos a tomar leite depois de adultos. E leite dos outros (bezerrinhos).
Repense!

P.S.: Eu realmente fiquei indignada com essa matéria.

domingo, 9 de setembro de 2012

Arnaldo ou amado?


A fila dava voltas no muro do Teatro Santa Isabel. O público, de quase 200 pessoas, estava visivelmente ansioso para se espremer entre as poltronas e os pequenos camarotes do teatro. Misturado com a beleza da Rua do Sol e do rio Capibaribe, esse era o cenário da tarde da sexta-feira no bairro do Recife. Todas as pessoas que estavam ali tinham o mesmo objetivo: (isso soa engraçado, né?) assistir ao show de Arnaldo Baptista. “Sarau o Benedito?” foi encenado apenas pelo músico e por um piano de cauda. Além dos seus desenhos, que foram projetados nos fundos do palco.
Irônico e inteligente, o concerto de um dos mais influentes músicos brasileiros foi marcado por palmas. Vestido com uma camisa de lantejoulas douradas, ele entrou no palco no estilo abbey road dos Beatles e levantou o público para o aplaudir de pé. A clássica “Será que eu sou loki”, abriu o show e animou todo mundo. A música “Será que eu vou virar bolor?” levou a plateia a formar um coral, que quase conseguiu cantar mais alto que a voz do Arnaldo. Com 64 anos de dedicação a arte, atendendo a um pedido desesperado de alguém que ninguém conseguia ver o rosto, ele cantou com todo bom humor, que “cortar jaca nessa idade não é mole, não”.
Fazendo valer seu título de uma das personalidades mais marcantes do Tropicalismo, Arnaldo deixou o palco com toda liberdade e irreverência, deixando o público (já saudoso) com a frase: “Puxa pessoal, adorei estar aqui com vocês”. E mais uma vez, seus fãs recifenses o aplaudiram em pé.
Arnaldo Baptista ficou famoso depois de participar do grupo Os Mutantes, junto com a ex-esposa Rita Lee e o irmão, Sérgio Baptista. Antes de começar a entrevista, a assessoria de imprensa do músico alertou que ele não falaria sobre o passado, apenas sobre o presente e futuro.






Famosos nomes da música como Gilberto Gil e Lobão, acreditam que Arnaldo Baptista é o pai do rock brasileiro. O que eu também acredito, mesmo não sendo uma personalidade musical. Na metade do século passado, quando os cantores da MPB faziam campanhas contra a guitarra elétrica, Arnaldo, com apenas 17 anos, já as usava muito bem. Os Mutantes foram o principal nome do Tropicalismo e Arnaldo Baptista, o maior nome dentro da banda.

domingo, 20 de maio de 2012

Reino de mudos


O mundo nunca foi economicamente tão desigual. Uma uniformização se tornou obrigatória, hostil à diversidade cultural do planeta. Os meios de comunicação da era eletrônica, a maioria a serviço da incomunicação humana, estão impondo a adoração unânime dos valores da sociedade neoliberal. Enquanto isso, nosso mundo se parece cada vez mais com um reino de mudos. Nesse mundo sem alma que os meios de comunicação nos apresentam como único mundo possível, os povos foram substituídos pelos mercados; os cidadãos, pelos consumidores; as nações, pelas empresas; as cidades, pelas aglomerações; as relações humanas, pelas concorrências comerciais. A televisão propõe um serviço completo: não apenas funciona de maneira com que se confunda qualidade de vida e quantidade de objetos, mas, além disso, oferece cotidianamente cursos audiovisuais de violência, que os videogames completam. O crime é o espetáculo mais valorizado da telinha. “Bata antes que batam em você”, aconselham os jogos eletrônicos. “Você está só, e não pode contar com mais ninguém”, Carros alçam vôo, pessoas explodem. “Você também pode matar.”
A pobreza ainda suscita pena, mas , cada vez menos, a indignação; a ideia de que os pobres são o resultado do acaso ou do fruto da fatalidade se propaga. Há 20 anos, a pobreza era vista como consequência da injustiça. A esquerda dizia, os centristas admitiam, e a própria direita não negava. Hoje em dia, a pobreza é “o justo castigo que merece a ineficiência”, ou “uma manifestação da ordem natural das coisas”. A pobreza foi desconectada da injustiça; e a própria noção de injustiça, há pouco tempo certeza universal, atenuou-se aos pousos até desaparecer. O código moral atual não condena a injustiça, mas o fracasso.
No hemisfério sul, onde vivem os perdedores, a violência é raramente considerada resultado da injustiça. É frequentemente mostrada como fruto da má conduta de seres de terceira categoria que moram no que chamam de terceiro mundo, condenados à violência porque é da sua natureza.
Carros insuperáveis, sabões prodigiosos, perfumes excitantes, analgésicos mágicos: através da telinha, o mercado hipinotiza o cidadão-consumidor. Mas, às vezes, entre um anúncio e outro, a televisão mostra algumas imagens de fome e de guerra. Esses horrores, essas fatalidades chegam de um outro mundo, do inferno, e servem apenas para realçar o caráter paradisíaco da sociedade de consumo.
Os mestres da informação, na era da informática, chamam de comunicação o monólogo do poder. A ofensiva aviltante da incomunicação nos obriga a medir a importância do desafio cultural. Mais do que nunca, é preciso enfrenta-lo quando os meios de comunicação gostariam de nos convencer a abandonar a esperança como se abandona um cavalo cansado.

Por Eduardo Galeano

terça-feira, 8 de maio de 2012

Cãozinho espancado precisa de ajuda!


O nome dele é Beethoven, ele está precisando de você! Ajude ele e a todos os animais, não deixe mais Beethovens existirem!

Beethoven foi cruelmente espancado com um pedaço de madeira cheio de pregos. De acordo com testemunhas, ao bater nele, seu suposto dono dizia a todos que passavam: “Vejam como é que se mata um cachorro.” Depois da tentativa de assassinato, saiu tranquilamente. O cãozinho, da raça Cocker Spaniel, ainda levantou e tentou voltar para casa. Situações como essa são muito comuns no país. A Delegacia do Meio Ambiente de Pernambuco recebe em média cinco a seis denúncias de maus-tratos de animais por dia. Pelo artigo 32 da lei 9.605, esse tipo de crueldade é crime e os culpados são indiciados com três meses a um ano de detenção, além de multa a ser determinada pelo juiz.
 Tamanha violência aconteceu no bairro da Imbiribeira, perto da Avenida Mascarenhas de Moraes. Um morador, que presenciou a cena, amarrou o cachorro para que ele não voltasse para casa e fosse novamente maltratado. Também passou três dias dando água e leite na seringa para o animal. Mas, sem ter condições de adotá-lo, tirou uma foto do animal e colocou nas redes sociais para buscar ajuda. Por meio do grupo Crueldade Nunca Mais do Facebook, no dia 29 de abril, Beethoven foi resgatado na rua por Flora Queiroz e Manuela Matos. Elas o levaram à Clínica Veterinária Dr. Arionaldo Sá, na Torre. Na clínica, o cão foi atendido por veterinários que se mostraram chocados com a violência.

O focinho do lado esquerdo do animal ficou completamente desfigurado, toda a pele e os dentes estavam apodrecidos. A dentição está exposta e perdeu um dos olhos. Quando o cão chegou na clínica, tinha apenas 10% de chance de sobreviver. O veterinário que está cuidando dele é Allyson de Sá. De acordo com ele, o cão deve ter pouco mais de 10 anos de idade e sofre de anemia grave, desidratação e da doença do carrapato. Tudo isso em decorrência dos maus-tratos sofridos. “Quando chegou aqui ele não conseguia nem se levantar. Hoje, está comendo e bebendo água sozinho, além de ter abanado o rabo pela primeira vez para seus cuidadores”, disse o veterinário. Apesar da melhora, Beethoven ainda está em estado grave e não tem previsão de alta. 
 O caso não teve nenhuma denúncia formal à polícia porque as pessoas que ajudaram Beethoven temem reação do agressor. “Alguém que faz tamanha maldade com um animal, imagine o que poderia fazer com um ser humano. Nós estamos com medo do que possa acontecer com o senhor que prestou auxílio ao cão, caso o criminoso veja a denúncia”, admitiu a arqueóloga Manuela Matos. 
 As denúncias mais comuns de maus-tratos do animais são as de abandono, espancamento e assassinato. Para o advogado e presidente da Ong Crueldade Nunca Mais, Rodrigo Vital, a justiça é muito negligente e as penas deveriam ser mais severas. “Além das leis e das penas também deveria haver um programa de conscientização e educação para as pessoas tratarem com mais carinhos os seus animais”. Os gastos do tratamento de Beethoven estão sendo custeados com doações. Quem quiser ajudar deve entrar em contato com Manuela Matos pelo telefone 8842-1789 ou com Flora Queiroz pelo 8559-4304.

Carolina Braga
ESPECIAL PARA O DIARIO
carolina.braga@associadospe.com.br

Créditos:
Matéria publicada hoje no jornal Diario de Pernambuco, editoria de Vida Urbana.