domingo, 27 de novembro de 2011

O mundo em crise de identidade

Democracia, neoliberalismo, crise do capitalismo e globalização


Por Carolina Braga e Valentine Herold 

A maioria dos historiadores concorda que o início da globalização se deu com o processo das Expansões marítimas, a partir do século XV, quando já havia sido plantado no mundo o embrião do modo de produção capitalista. Essa coincidência leva a maioria da sociedade a confundir os dois conceitos, ao ponto de um parecer fazer parte do outro. A partir do momento em que o avanço da globalização permitiu o incremento da importação e da exportação - não só de produtos como também de cultura, política e modos de vida - entre os mais diversos países e continentes, houve uma emergência na homogeneização dos consumidores e com isso se obteve uma falsa ideia de descentralização do capital, quando na verdade, o que se tem é um cada vez maior controle financeiro na mão de cada vez menos empresas. O economista Paul Singer define a globalização como sendo "um processo de reorganização da divisão internacional do trabalho, acionado em partes pelas diferenças de produtividade e de custos de produção entre países." Ou seja, de acordo com o economista, no cerne do processo de globalização está a desigualdade econômica - e consequentemente social - dentre as populações. Esse fator remete ao problema estrutural base do capitalismo; só existe o rico se existe o pobre. É neste ponto que existe uma profunda crítica ao atual modo de produção e no qual se é baseado as teorias que ditam o capitalismo como falido. Outro sistema intimamente atrelado ao modo de produção capitalista é o neoliberalismo. Este, que nasceu das teorias liberais de pensadores como Rousseau e Adam Smith, prega a mínima intervenção do Estado na economia. O que resulta – teoricamente- na livre concorrência no mercado, porém, não é o que de fato acontece pois o poder é mais uma vez concentrado nas mãos de poucos. O neoliberalismo, a globalização como ela é hoje e o capitalismo dificultam a confirmação de um estado democrático. Em artigo á Carta Maior, Saul Leblon entrevista Maria da Conceição Tavares sobre o neoliberalismo e a crise econômica – portanto, também crise do capitalismo. A entrevistada classifica a crise de “colapso empírico da agenda do neoliberalismo”. Talvez não exista um desfecho certo e previsível para o fim da crise econômica, política e também de identidade do próprio capitalismo. É um fato que este sistema não pode ser atrelado à democracia e que o mundo está percebendo isto de forma mais forte. Resta então a torcer para que um novo sistema (mais justo) chegue em breve.

4 comentários:

  1. Em meio a toda essa emergência de capital como base de vivência social, eu vejo a democracia como uma criança indefesa. O capitalismo controla e exclui (selecionando) enquanto o "neoliberalismo" é apenas um termo "novo" que dita a mesma regra do seu precedente: vamos deixar a "mão invisivel" da economia ditar as regras. Interessante porque, deixar ditar as regras implica justamente em excluir as vozes opositoras, como a democracia. E a globalização é um grito ao monopólio mundial. Tem seus pontos bons, com certeza, porém quem a usa para a homogeneidade por vezes consegue seu objetivo. Ótimo post Carol!

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  2. a banda mali tá mto bem de escritoras,hehe.

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  3. Eu te diria que mais do que torcer por um mundo justo nós devemos transformá-lo, construí-lo. A empreitada é difícil, é uma engenharia complicada exatamente porque transcende a matemática euclidiana.

    De toda forma, como diz Eduardo Galeano, há na barriga desse mundo de merda um outro mundo em gestação, por mais que o parto seja difícil.

    Gostei do blog, especialmente por colorir o mundo árido da política com a poesia que nos faz lembrar que ainda há vida para a gente, vez em quando, nos embriagarmos.

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  4. Estou de passagem, gostei dessa postagem. Realmente, não sou muito fã de como anda o nosso sistema financeiro não, creio também que como andam as coisas hoje em dia, tem supervalorizado a diferença social e muito.

    Parabéns pelo post.

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